sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Lisergia da Juventude #1: Projeto V


Como combinei algum tempo atrás com o Marcinho e com o Sílvio, vou postar alguns projetos do tempo de faculdade. Inicio com um projeto mais careta: o anexo para o MASP, projeto feito em 1997 no terceiro ano de faculdade (Projeto V), orientado pelo querido professor Miguel Forte (como comentei no post anterior).


O conceito do projeto parte do princípio do Yin-Yang: procurei criar uma unidade entre os dois edifícios fazendo uma oposição formal a características do edifício original no seu anexo. Enquanto o MASP é ortogonal, conciso, em um bloco único regular, elevado do solo, pesado, paralelo, e criou uma ruptura com o entorno, o anexo proposto era curvo, orgânico, leve, desforme, com dois blocos se atravessando de maneira irregular, encravado no solo, sem um ângulo reto sequer, e abraçava o MASP e o reconectava ao entorno (através das lâminas vermelhas que ligavam o skyline do conjunto à edificação ao vizinha)


A lâmina de metal posterior (que fica na mesma linha do pórtico posterior do MASP) não corta o edifício por dentro, e isto é proposital. Esta lâmina não é estrutural e não sustenta o edifício. ela é apenas um elemento de linguagem, e sua continuidade entre o fora e o dentro fica apenas na imaginação de quem está ali.

O projeto original do MASP parecia não querer se relacionar com as edificações em seu entorno; todo o projeto surgiu da idéia de criar um anexo que interferisse diretamente com o MASP; a parede encurvada que segue normal ao plano do MASP (ela é encurvada em todos os eixos) seria construída com espelhos, para que a curvatura e declínio do terreno distorcessem a imagem retilínea do MASP ao longo do comprimento do anexo. Na fachada, uma pele de vidro que revelaria o declínio do espaço interno separado em planos como um grande vazio (em oposição a opacidade do MASP que parece cheio de coisas por dentro), e que também revelaria a curvatura da placa principal por trás.

O edifício em sí não pareceria muito sólido, mas um conjunto de placas separadas e um grande vazio interno. Poucas colunas amparavam um pavimento superior em forma de mezanino, ligado pelas rampas, também bem soltas dentro do volume todo.



A porta de entrada do anexo era feita por um corte circular no pano de vidro da fachada, e o encontro das placas de concreto irregulares era separado por iluminação zenital ou por panos de vidro entre os blocos/coberturas colididos. Eram três grandes placas de concreto irregulares ao longo de todo o novo edifício.

O edifício era construído em multiplos níveis e planos, ligados por rampas. Era previsto uma intervenção urbana ao longo da Avenida Paulista que trouxesse todo o fluxo viário para o subsolo, criando uma plano de ligação entre o MASP, seu anexo e o parque Trianon a sua frente. A entrada de serviço para materiais e fornecedores seria feita pelo subsolo.

Como na época fazíamos apresentação com os desenhos técnicos em forma de grandes cadernos A2, eu coloquei folhas de insulfilm prateado contra as folhas de papel vegetal com os desenhos plotados, de forma que a reflexão que eu queria que ocorresse no anexo fosse conceituada na própria apresentação do projeto.

O Sílvio e o Marcinho também poderiam colocar aqui suas versões para esse mesmo projeto, não????




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